Caderneta de poupança ainda vale a pena?

Em meio à queda da Selic e à diversificação de produtos financeiros, saiba se ainda vale a pena investir na poupança em um cenário de constantes mudanças

caderneta-de-poupanca-ainda-vale-a-pena Caderneta de poupança ainda vale a pena?

A caderneta de poupança, historicamente vista como a opção mais segura e acessível para quem deseja iniciar uma reserva financeira, tem enfrentado questionamentos sobre sua viabilidade. Com as mudanças nas taxas de juros e a diversificação de produtos, como investimento CDB (Certificado de Depósito Bancário) e em letras de crédito imobiliário (LCI) e do agronegócio (LCA), muitos se perguntam: ainda vale a pena investir na caderneta de poupança?

Apesar dessas dúvidas, a poupança continua sendo o investimento mais popular no Brasil, representando 26% do volume total de investimentos, segundo o Raio X do Investidor 2023 da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). No entanto, a tendência recente tem sido de mais saques do que depósitos na poupança.

Os dados do Banco Central retratam esse movimento. Desde 2021, a captação líquida tem sido negativa, com saques superando os depósitos em R$ 35,5 bilhões. Em 2022, o resultado foi negativo em R$ 103,2 bilhões e, em 2023, foi de R$ 87,8 bilhões. Até o final de fevereiro de 2024, já houve uma fuga de R$ 24 bilhões da poupança.

Essa tendência de saques resultou em uma redução de quase 6% no volume total de recursos na poupança de dezembro de 2021 até o final de fevereiro de 2024. Apesar desses números, Fábio Gallo, professor da Escola de Administração de Empresas na Fundação Getúlio Vargas (FGV), acredita que ainda não é possível prever o fim da poupança, pois o volume total de depósitos nesse investimento continua alto.

No entanto, é importante considerar alguns pontos. A rentabilidade da poupança está atrelada à Taxa Selic, atualmente em patamar baixo. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou recentemente o sexto corte consecutivo da taxa básica de juros, a Selic, que agora está em 10,75% ao ano. Essa redução beneficia aqueles que precisam de empréstimos, mas diminui o rendimento dos investimentos de renda fixa.

Com a nova Selic, a poupança, que já era o investimento de renda fixa com a pior rentabilidade, torna-se ainda menos atraente. Um investimento inicial de R$ 10 mil na poupança renderia R$ 10.639 após um ano e R$ 11.980 após dois anos. Em contraste, um investimento de R$ 10 mil no Tesouro Selic 2029 renderia R$ 10.881 após um ano e R$ 11.926 após dois anos.

Uma variedade de produtos financeiros

O rendimento da poupança é considerado baixo, especialmente quando comparado a outros investimentos de renda fixa, como o CDB, que oferece rentabilidades mais atrativas, especialmente para quem consegue investir por um período mais longo. Além disso, alguns bancos oferecem CDBs com liquidez diária, o que permite resgatar o dinheiro a qualquer momento, sem perder a rentabilidade acumulada.

As letras de crédito imobiliário (LCI) e do agronegócio (LCA), isentas de Imposto de Renda, oferecem maior rentabilidade que a poupança e o Tesouro Selic, mas exigem um prazo de resgate mais longo. Um investimento de R$ 10 mil em LCIs ou LCAs que paguem 90% do CDI alcançaria R$ 10.962 após um ano, R$ 12.022 em dois anos e R$ 13.102 em três anos.

Os CDBs, que pareciam perder apelo com a queda da Selic, voltaram a ganhar espaço. Um CDB que pague 110% do CDI transformaria R$ 10 mil em R$ 10.962 após um ano, R$ 13.291 após três anos e R$ 16.199 após cinco anos, oferecendo o maior retorno entre os ativos de renda fixa mais tradicionais.

Para quem tem pouco dinheiro, é possível fazer investimento no Tesouro Direto, por exemplo, com cerca de R$ 35. Para quem tem muito ou pouco dinheiro para investir, o melhor investimento sempre será aquele que estará de acordo com suas necessidades e objetivos financeiros. Portanto, é essencial considerar todas as opções disponíveis antes de tomar uma decisão de investimento.

5 dicas de investimentos

Os CDBs são títulos de renda fixa emitidos por bancos para captar recursos. Em troca, o investidor recebe o dinheiro investido de volta, corrigido e com acréscimo de uma taxa de juros.

Fundos de renda fixa captam recursos de investidores através da venda de cotas. O gestor do fundo aplica esses recursos em uma carteira diversificada de ativos de renda fixa, como CDBs e títulos do Tesouro Direto.

LCI e LCA são títulos de renda fixa emitidos por bancos para financiar atividades nos setores imobiliário e agrícola, respectivamente. Esses investimentos são protegidos pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC) e são isentos de imposto de renda.

Letras de Câmbio (LC) são investimentos de renda fixa utilizados por financeiras para captar recursos. O investidor que adquire uma LC recebe o dinheiro investido de volta, corrigido e com acréscimo de uma taxa de juros.

Por fim, investir no Tesouro Direto é como emprestar dinheiro ao Governo Federal para financiar investimentos no país. Em troca, o investidor recebe o dinheiro emprestado de volta, corrigido com acréscimo de um percentual de juros.

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